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História

   Casével / Vaqueiros

    A Freguesia de Casével e Vaqueiros é uma freguesia portuguesa do concelho de Santarém com cerca de 1150 habitantes (INE, 2011), que surgiu recentemente (outubro de 2013) com a reforma administrativa das autarquias locais (Lei nº11-A/2013).

    Possui uma área geográfica de 37,851 km2. Faz fronteira com os concelhos de Alcanena, Torres Novas e Golegã. É atravessada pela estrada N3 e pela A1- Auto-Estrada do Norte. Dista cerca de 25 km da sede do Concelho. Toda a área é caracterizada por uma paisagem agrícola heterogénea, com campos de cereal de sequeiro, como o trigo e a aveia, alternados por campos de milho de regadio e algumas zonas de pousio. Existem também algumas povoações florestais de pinheiro manso, pinheiro bravo, eucaliptal, carvalhal, azinhal, sobreiral, alguns matos, pomares e culturas hortícolas, vinha, olival e figueiral. Possui ainda alguma vegetação ripícola que acompanha as principais ribeiras e o próprio rio Alviela, como as várias espécies de salgueiros, freixos e choupos.

Casével

   O nome "Casével" não existe como lugar e era tido como freguesia. É um território bastante disperso composto por diversos lugares, cerca de 80 (Alqueidão, Vila Nova, Ponte Nova, Boiças, Marinheira, Polinho, Ribeira da Pipa, etc.), sendo de destacar a Comenda que era a sede da antiga freguesia e onde existiria uma comenda da Ordem de Cristo.

 Muito provavelmente a data da sua fundação deva situar-se em 1170 pelos cavaleiros templários, ao mesmo tempo que a Golegã e a reedificação do Castelo de Almourol, dentro dos primeiros trabalhos ligados à defesa e administração económica de Tomar. Com a extinção da Ordem do Templo, D. Dinis solicita a Roma a criação de uma nova ordem – a Ordem de Cristo (1319), onde existiria uma Comenda da Ordem de Cristo1.

   Mas a primeira notícia que faz referência a Casével como freguesia data de 1553, a qual referia que a freguesia de Casével tinha um povoamento predominantemente disperso, e era constituída por três núcleos populacionais: Alqueidão, Comenda e Vila Nova. Os núcleos de Comenda e Alqueidão, vulgo Casével, são já citados no "Cadastro da População do Reino", com o registo de cinquenta e sete fogos e uma população de cerca de duzentos e vinte habitantes, e a "Aldeia de Vila Nova de Casével" com 31 habitações onde viviam cerca de cento e vinte pessoas. A área de Casével chegou a ser substancialmente maior que a atual, isto pelo facto de ela ter estado anexada, em tempos distantes, à freguesia de Santa Cruz da Ribeira de Pernes, o que também aconteceu, durante algum tempo a Vaqueiros. Casével andou, durante mais três séculos, ligada ao antigo concelho de Pernes, criado por D. Manuel em 1514 e extinto em 1855. A freguesia de Nossa Senhora da Assunção de Casével era, em termos eclesiásticos, uma vigararia e o seu vigário, monge da Ordem de Cristo fazia parte da Mesa da Consciência e Ordens.

   D. Gastão Coutinho, que muito se notabilizou nas artes e letras, foi comendador desta freguesia, da qual era natural. Faleceu em 1533 e a sua memória foi perpetuada numa lápide sepulcral, brasonada com as armas dos Coutinhos gravadas na pedra, que se encontra no corpo da igreja em frente à capela-mor. Nesta lápide, pode ler-se a seguinte legenda em caracteres góticos: "Aqvi iz do gasta covtinho filho/q foy de code do goncalo q foy de m alva e comendador q foi de Casevel/e faleceu no anno de 1533".

   Casével possui várias quintas e propriedades rústicas de algum interesse (Quinta da Póvoa, Quinta de D. Rodrigo (ambas brasonadas), Quinta do Azedo, Quinta do Colmeeiro, e mais recentemente a Quinta M (dedicada ao Turismo e à Equitação) e a Quinta do Arrobe, entre outras, e em tempos tinha cinco ermidas: S. Julião em Vila Nova; Nossa Senhora da Madre de Deus, perto da quinta de Vale de Forcados, que pertencia a D. Gastão Coutinho; Nossa Senhora da Vitória; uma outra ermida situada na quinta do Colmeeiro; Nossa Senhora do Rosário, situada na Quinta da Rainha. Atualmente apenas possui uma capela – a capela de Santo António que foi remodelada e inaugurada em 2012, sendo que as restantes se encontram em ruínas.

 

Vaqueiros

    Vaqueiros é outra localidade desta União de Freguesias que fica localizada na zona do "Bairro" de Santarém, na margem esquerda do rio Alviela. O nome Vaqueiros, segundo diz a lenda, deriva do facto de terem existido nesta povoação, muitos criadores de vacas leiteiras.

 Ignora-se a data da sua criação, mas sabe-se no entanto que é muito antiga, anterior à nacionalidade, por volta do inicio do século XII, a população já se integrava numa linha bem definida historicamente pelo rio Alviela e moinhos de água. Viveram aqui muitos fidalgos como provam as ruínas de várias casas brasonadas.

Pequena em dimensão mas grande em prestígio histórico, como o confirma o património edificado e a passagem de diversos notáveis, figuras ilustres no campo das letras e da cultura. Aqui residiram personagens ilustres da história nacional, como Luís de Camões, D. Manuel de Portugal, Diogo Bernardes, Frei Luís de Sousa e D. Gastão Coutinho, Comendador de Casével e mecenas de Luís de Camões. A seu filho, D. Gonçalo Coutinho, Comendador de Vaqueiros, Camões dedicou as suas rimas, tendo sido publicadas quinze anos após a morte do poeta. A edição teve apoio daquele Comendador. Posteriormente, com a queda da fidalguia e com alguma degradação do ambiente natural, Vaqueiros foi perdendo preponderância e prestígio.

    A casa dos Comendadores de Vaqueiros foi centro de tertúlia dos maiores poetas portugueses do séc. XVI. Os vestígios dessa casa ainda existem, ostentando na fachada o brasão desta nobre família dos Coutinhos, com as cinco estrelas.

 Vaqueiros tem-se destacado na luta pela defesa do Rio Alviela. Aliás, a sua localização geográfica em pleno coração do vale do Alviela tem permitido promover a riqueza paisagista, com múltiplas iniciativas de carácter lúdico e desportivo, atraindo centenas de participantes a nível regional e nacional como sejam as caminhadas, os passeios de BTT, de moto e outros, nos antigos trilhos dos moleiros e dos camponeses.

Em termos populacionais a União de Freguesias tem vindo a decrescer, mostrando uma tendência para o envelhecimento. Em termos de atividades económicas, a população dedica-se à agricultura (cereais, vinho, azeite) e à criação de gado, no entanto, muitas das pessoas trabalham nas imediações desta freguesia, como seja na indústria de curtumes, indústria hoteleira e alimentar, na indústria de papel, na moagem de cereais. A indústria escasseia, com exceção de algumas atividades da construção civil.

   É uma freguesia com muito potencial a nível turístico, não só pela própria vegetação, pela fauna, mas também pelos lugares outrora muito importantes na vida e costumes destas gentes, tais como os vários moinhos de água, moinhos de vento, as várias quintas, as igrejas, a comenda da ordem de Cristo, enfim, tudo isto numa só Freguesia.

 

 

1 - SILVA, R. As estelas funerárias medievais com representação de ofício de agricultor da Comenda, Casével – Santarém. Matria Digital. Revista nº 2 -http://matriadigital.cm-santarem.pt/images/numero2/ricardosilva.pdf

2 - http://www.distritosdeportugal.com/santarem/casevel/

3 - NORAS, J. M. C., A Heráldica do Município de Santarém, Câmara Municipal de Santarém, 2001

4 - http://www.freguesias.pt/freguesia.php?cod=141626

5 -http://www.cm-santarem.pt/concelho/juntasdefreguesia/Paginas/Vaqueiros.aspx

União de Freguesias de Casével e Vaqueiros
Comenda – 2000-460 Casével
Rossio da Igreja - 2000-791 Vaqueiros
Telf: 243 441 253 / 243 449 875

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